Aleponce
Especialista em T.I
BI não é só ferramenta: como construir uma cultura de dados sem cair na modinha

Cultura de Dados: Por que seu Projeto de BI Pode Estar Falhando (e como resolver)
Empresas gastam fortunas em ferramentas como Power BI, Tableau ou Looker, criando dashboards impressionantes que, na teoria, deveriam transformar a tomada de decisão. Mas, na prática, muitas ainda decidem no “achismo”, guiadas por intuição ou reuniões intermináveis. Por quê? Porque Business Intelligence (BI) não é só tecnologia. Comprar uma ferramenta e esperar milagres é como comprar um carro de corrida e não saber dirigir. A verdadeira transformação está em construir uma cultura de dados sólida, onde estratégia, processos e pessoas trabalham juntos. Neste artigo, mostramos como evitar a armadilha de tratar BI como modinha e criar uma abordagem que realmente entrega resultados.
Por que tratar BI como projeto de TI é um erro comum?
Um erro clássico é jogar o BI nas mãos do time de TI e esperar que eles resolvam tudo. Ferramentas de BI não são apenas sistemas a serem instalados; são catalisadores de mudança organizacional. Quando o foco fica apenas na tecnologia – como integrar bancos de dados ou criar gráficos bonitos –, os dashboards viram enfeites caros. Usuários finais, como gestores e analistas, muitas vezes não entendem os dados ou não confiam neles. BI de sucesso exige colaboração entre TI e negócios, desde a definição de metas até o uso diário das ferramentas. Sem isso, os investimentos viram frustração.
Como engajar as áreas de negócio desde o início
Para que o BI funcione, as áreas de negócios devem liderar o processo, não apenas consumir o resultado. Isso começa com perguntas estratégicas: quais decisões queremos melhorar? Quais métricas realmente movem o negócio? Envolver gestores, analistas e até equipes operacionais na construção dos dashboards garante relevância e adoção. Por exemplo, um time de marketing pode definir KPIs como taxa de conversão ou ROI de campanhas, enquanto o financeiro foca em fluxo de caixa. Além disso, é crucial oferecer treinamentos práticos para que todos saibam interpretar dados e traduzi-los em ações. Sem engajamento, o BI não passa de um relatório esquecido.
Por que processos e pessoas vêm antes da tecnologia no BI
Ferramentas de BI são apenas tão boas quanto os processos e pessoas por trás delas. Antes de investir em tecnologia, as empresas precisam:
- Estabelecer governança de dados: definir quem cuida da qualidade, consistência e atualização dos dados.
- Mapear e otimizar processos: entender como os dados são gerados, coletados e usados. Gargalos como planilhas manuais ou sistemas desconexos precisam ser resolvidos.
- Investir em alfabetização de dados: capacitar todos os níveis da organização, do operacional ao estratégico, para usar dados de forma confiante e crítica.
Sem esses fundamentos, até a ferramenta mais avançada será subutilizada.
Exemplo real de implantação eficiente
Uma rede de supermercados queria melhorar a gestão de estoques, mas os primeiros dashboards de BI não resolviam o problema. Após uma revisão, a empresa mudou a abordagem: envolveu gerentes de loja, analistas de logística e compradores na definição de KPIs, como tempo de reposição e índice de ruptura. Criou também um comitê de dados para revisar relatórios semanalmente e alinhar ações. Treinamentos práticos ensinaram as equipes a usar os dashboards para decisões rápidas. Resultado? Em oito meses, a empresa cortou 25% das perdas por estoque parado e aumentou a eficiência nas compras, provando que BI funciona quando integrado à cultura da organização.
Conclusão
Construir uma cultura de dados não é sobre adotar a ferramenta da moda ou criar dashboards para impressionar. É sobre alinhar pessoas, processos e tecnologia para que os dados realmente guiem decisões estratégicas. Empresas que tratam BI como um projeto isolado de TI ou uma tendência passageira perdem tempo e dinheiro. Foque em governança, engajamento e capacitação para transformar dados em vantagem competitiva.